Uma Brasileira, Fernanda Maciel, completa Caminho de Santiago correndo em 10 dias
- Me perguntaram se cheguei de bicicleta e falei: Não, fiz correndo. Falaram que a Igreja Católica não aceita, então expliquei meu projeto. Chegou um responsável e falou que abriria uma exceção e me daria a Compostela (certificado). Na Espanha e na França eles comentam até que estou abrindo uma outra forma de chegar ao Caminho de Compostela. Hoje, no passaporte, está escrito "a pé, a cavalo e de bicicleta". Fiz um quadrado e coloquei correndo - contou a atleta.
Fernanda Maciel precisou acrescentar a opção "correndo" no certificado recebido
Especialista em ultramaratonas em montanhas, Fernanda se deparou com
cenários muito diferentes ao correr da cidade francesa
Saint-Jean-de-Port até Santiago de Compostela, no noroeste da Espanha, o
mais tradicional entre os caminhos para se chegar à catedral onde estão
enterrados os restos mortais do Apóstolo São Tiago.Foram três etapas. A primeira até Roncesvales, que consiste em subir a cordilheira que separa a França da Espanha. No segundo trecho, na região de Castela e Leão, o terreno era plano, o que deixou Fernanda apreensiva.
- Quando estou na montanha, eu olho pra cima, mas sei que é até ali. Nessas retas infinitas, olhava e não via o fim. Então ficar correndo, correndo, correndo e não chegar nunca, isso pra mim era um pouco difícil.
A cada trecho, ela ganhava um carimbo no passaporte de peregrina. Fernanda descansava uma hora por dia e dormia quatro horas por noite. Além do desejo de terminar o percurso correndo, ela tinha outro propósito: ajudar crianças com câncer.
- Eu já tinha feito a pé e de bicicleta. Como sou corredora profissional, decidi fazer correndo para ajudar. Cada dia que eu fazia o Caminho de Santiago as pessoas doavam dinheiro.
Os bosques e as montanhas da Galícia foram o cenário da última etapa. Até concluir o percurso, mesmo abaixo de chuva, Fernanda sofreu. As dificuldades não estavam apenas na corrida, que resultaram em dores e muitas bolhas nos pés. Ela suou até para encontrar lugares adequados para descansar e precisava comer 15 mil calorias, o que só era possível graças aos suplementos que carregava na mochila. Isso também era um peso a mais, mesmo com todos os cuidados para evitar o excesso.
- Levei duas meias, duas calcinhas, dois tops, uma camiseta, uma jaqueta, uma jaqueta para chuva, uma calça, um short e um tênis apenas, em uma mochila leve, que pesa 300 gramas.
O esforço valeu. A brasileira levou 10 dias para completar um caminho que costuma ser percorrido em um mês.
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